1 a 9 Dez 2025

residência artística

Centro de Artes Performativas do Algarve CAPa

a luminosa violência da perfeição

Daniel Matos / CAMA a.c

Portugal

direção artística, coreografia e concepção plástica Daniel Matos
co.criação e interpretação Lia Vohlgemuth, Joana Simões e 4 performers seleccionados em audição
colaboração artística, fotografia e vídeo João Catarino
consultoria artística Beatriz Marques Dias
música original a partir de Pavana para uma Princesa Defunta, de Maurice Ravel Joana Guerra
desenho de luz Letícia Skrycky 

direcção técnica Ana Carocinho
direção de produção Joana Flor Duarte
coordenação de produção Diana Martins
comunicação e assessoria de imprensa Tiago Mansilha
residências de criação Trois C-L (Luxemburgo), Material Diversos / Grand Studio (Bruxelas), CineTeatro Louletano, CAPA Devir, O Espaço do Tempo, Estúdios Victor Córdon, O Rumo do Fumo e CAMADA Centro Coreográfico
co.produção Município de Lagos, Teatro-Cine de Torres Vedras, Teatro das Figuras e Centro Cultural Vila Flor
apoios Teatro Experimental de Lagos, LAC – Laboratório de Atividades Criativas, casaBranca associação cultural
produção CAMA a.c.

A Luminosa Violência da Perfeição “O que é que um jogo de basket, uma cavalaria e o corpo da juventude têm em comum? Sendo o mais honesto possível também não sei, mas são estas as três primeiras imagens que me surgem quando oiço a “Pavana para uma Infanta Defunta” de Maurice Ravel. Uma pavana é uma dança lenta, associada a um cortejo de características processionais e melancólicas, com um peso e uma lentidão que sinto que carregam uma velocidade escondida. A verdade que encontro neste tempo demorado de transportar um corpo diz-me que anda à procura de demorar o enterro da juventude tanto quanto possível. Talvez por me aperceber que deixei coisas para trás, ou por sentir que não vivi vagarosamente uma adolescência que deveria ser eterna, encontro agora um refúgio neste tempo da pavana para gerar uma coreografia interminável, incontrolável. Uma fugacidade que não desacelere nunca do inicio até ao fim deste cortejo, questionando assim qual é realmente a durabilidade da ausência de pausa, utilizando o tempo no seu exponencial máximo. Poderá um corpo driblar-se a si próprio em campo? Poderão os cavalos e as éguas selvagens galopar para trás como fuga de um futuro destrutivo?

“Acredito que chegou a hora de respirarmos menos e suarmos mais.”

Nesta peça para 6 intérpretes, para uma equipa de basquetebol e uma pequena orquestra locais, o coreógrafo pretende entender a peste de Artaud como um espaço de trabalho, onde a fuga e a insistência sirvam de estímulo ao desenvolvimento da ideia de coletivo mutável, por corpos que já foram mais perdas que conquistas. Procura-se um objeto que trabalhe vetores de dinâmicas rápidas, precisas e em que o desgaste traga à tona o honesto tempo de cada pessoa individual, gerando assim procissões sozinhas em que se possa carregar tudo aquilo que nunca desejámos ver: o tempo a passar e o corpo a desaparecer. Procura-se um espaço amplamente melodioso, que contraste com a verdade visual que é oferecida em cena, nesta tentativa de compor uma pavana para o século XXI.

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