25 set a 1 out 2022

residência de criação

Centro de Artes Performativas do Algarve

assemblage

Francisco Camacho

Portugal

direção artística e coreografia Francisco Camacho
interpretação António Torre, Beatriz Marques Dias, Donatella Cabras ee Francisco Camacho
direção técnica, iluminação e vídeo Hugo Coelho
produção Teresa de Brito e Tiago Sgarbi
co-produção Eira e Teatro da Cerca de São Bernardo
apoio SpazioDanza (Sardenha/IT)
apoio financeiro Ministério da Cultura/ Direção Geral das Artes

Assemblage é a próxima criação de grupo de Francisco Camacho, assente num diálogo cénico entre a dança ao vivo, a imagem em vídeo e o relato ou narração enquanto parte estruturante da banda sonora.
A sua construção marca uma diferença nos modelos de processo habituais do criador, pois surge na sequência do projeto continuado Viagem Sentimental, iniciado em 2017. Desde então, Francisco Camacho deslocou-se a diversas regiões e realidades do país, realizando espetáculos sempre diferentes, mas a partir de uma metodologia de trabalho comum, com base na pesquisa em cada uma das áreas geográficas que visitou.
Se as várias viagens sentimentais foram desejadas e concebidas num quadro de efemeridade, cujas apresentações públicas fazia sentido acontecerem só no contexto geográfico que as motivava, o coreógrafo foi por outro lado acumulando um manancial criativo ao qual seria lamentável não dar prosseguimento. Assim, num tempo em que se dá uma atenção redobrada às questões de sustentabilidade, Assemblage entronca também numa estratégia de recuperar e valorizar o investimento profissional e artístico realizado nestes anos. Esta operação dá-se numa óptica de partilha, sendo que o artista reúne um grupo de criadores com o qual explora novas configurações para os materiais performativos elaborados anteriormente, e mais uma vez na companhia de Hugo Coelho, que colaborou desde o início das Viagens Sentimentais nas áreas da luz e do vídeo, assim como em aspectos cenográficos e sonoros.
Tendo por base o encontro do coreógrafo com os vários locais, a nova criação não pretende ser um tratado de natureza sociológica ou etnográfica sobre os mesmos, nem ser uma revisão do relato dessas viagens. O foco principal é a matéria coreográfica, a linguagem de movimento que essas incursões nos territórios fizeram emergir. O grupo de criadores irá explorar e cruzar os materiais performativos coligidos, ampliando e aprofundando as abordagens corporais empreendidas anteriormente por Francisco Camacho.
Se o artista não se eximiu a uma visão crítica das diferentes realidades que foi encontrando, a reelaboração de traços vincadamente locais será empreendida no sentido de criar um espetáculo que aborda a identidade e a sua construção, desafiando as narrativas e os lugares simbólicos em que as comunidades se colocam a si mesmas.
O conjunto de questões por que passa Assemblage inclui a tensão entre tradição e modernidade, a gentrificação crescente das cidades, a migração, o cuidar de si, oscilando entre a perspectiva crítica e a oportunidade para o humor, sem perder de vista a evocação dos pequenos prazeres e a vontade de andar avante.

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