5 out 2024

21h00

Cineteatro Louletano  Loulé

espetáculo
dança contemporânea

… e vi o céu

José Laginha e Marlene Vilhena

Portugal

classificação etária M/12
duração 50 min

criação e interpretação José Laginha e Marlene Vilhena
texto dramatúrgico Miguel Castro Caldas
excertos de Um bailarino na batalha, Hélia Correia
carta Mark Taubert para David Bowie
tradução da carta André e. Teodósio
composição e interpretação ao vivo de versões de
músicas de David Bowie, leitura da carta José Salgado
excertos do filme SUPERNATURAL Jorge Jacóme e André e. Teodósio
espaço cénico José Laginha
desenho de luz Hugo Coelho
direção técnica António Martins
apoio técnico residência Zé Rui
fotografia Luís da Cruz
produção executiva Ana Margarida Rodrigues
assistência de produção Daniela Molar e Vitória Horta
residência de criação DeVIR/CAPa
co-produção Cineteatro Louletano, Teatro das Figuras
a DeVIR é uma estrutura financiada por República Portuguesa – Ministério da Cultura / Direção-Geral das Artes

© IA, Luís da Cruz, José Laginha

festival encontros do DeVIR
2ª edição ciclo d’Outra maneira

o astrofísico Suleiman Baraka pôs crianças palestinianas a olhar para lá das bombas, para as estrelas, é a maneira de se sentirem livres no seu próprio território; look up here, i’m in heaven, escreveu David Bowie antes da sua morte para nós escutarmos depois, podia ter sido um verso do seu haiku final, mas fez diferente; o príncipe Andrei em Guerra e Paz, é atingido, cai para trás, e deitado deixa de ver a guerra, só vê o céu e as nuvens.

Não se olha nunca para trás. É isso que distingue a guerra de outras maneiras de morrer. Nuns casos diz-se adeus e noutros, não. Na guerra, o que está dentro da pessoa tem que se atirar para a frente, como pedras. Cada um vem a ser a própria pedra, de modo a não ter fome, não ter frio, não ter medo. A pedra é o milagre.

“Um bailarino na batalha”, Hélia Correia

olhar para lá das bombas, para as estrelas
preparar o inevitável poderá ajudar-nos a acolher de forma mais pacífica o futuro e a viver melhor o presente, mas também a apaziguar-nos, a encontrarmo-nos nas perdas e a superar a dor dos que nos deixam, celebrando-os em gestos criativos que potenciam a (nossa)vida. Apesar do desconforto, este é um assunto cada vez mais falado pelos profissionais de saúde – exemplo disso é a carta que o Dr. Mark Taubert, médico de cuidados paliativos, escreveu a David Bowie e que é ouvida na parte final deste espetáculo -, assim como pela sociedade civil, particularmente pelos cuidadores informais ainda muito desacompanhados. Esta temática é também abordada, cada vez com mais frequência, pelo cinema e pelas artes. David Bowie preparou-se, despediu-se deixando-nos BLACKSTAR, onde encontramos Lazarus, um dos temas desse álbum que é tocado ao vivo no espetáculo.

… e vi o céu propõe-nos uma reflexão não linear sobre a superação e a transcendência, partindo de memórias, de experiências pessoais, mas também de acontecimentos reais que nos impelem a contemplar e a celebrar a vida e a natureza, como se poderá ver em alguns dos excertos de SUPERNATURAL, filme de Jorge Jacóme e André e. Teodósio que também integram esta criação. A guerra, a luta por um território e até pelo mais básico, são uma realidade que se pode transmutar num projeto de superação e elevação como o do astrofísico palestiniano Suleiman Baraka, que nos desafia a olhar para lá das bombas, para as estrelas.