20 a 24 out 2025
residência de criação
Centro de Artes Performativas do Algarve CAPa
kurpu di mundu
Pedro Ramos e Ernesto Nambera/ Ordem do Ó
Portugal e Guiné-Bissau
co-criação Ernesto Nambera e Pedro Ramos
direção artística Pedro Ramos
interpretação Batchiquim Alfredo Caiparcó, Vanuza Luis Có, Mandjaco Djau, Ernesto Nambera, Analia Monteiro Nanque, Ivá Nautam (Grupo de dança Contemporânea de Guiné Bissau), Mara Morgado e Pedro Ramos
música e sonoplastia Jorge Graça
figurinos Vítor Alves Silva
produção Ana de Arede Cano
apoio à produção Bruno Esteves
design Patrícia Teixeira
registo documental Miguel Afonso Carranca
coprodução Opart, E.P.E./Estúdios Victor Córdon – Programa PALOP’25, Câmara Municipal de Palmela, Câmara Municipal de Idanha-a-Nova
apoios Camões – Centro Cultural Português em Bissau, Câmara Municipal de Lisboa/Pólo Cultural Gaivotas Boavista, DeVIR – CAPa, Passos e Compassos, Teatro O Bando, Centre Culturel Franco-Bissau-Guinéen, Ur-Gente
© Carlos Teixeira
KURPU DI MUNDU
“Acreditar no mundo e na vida é acreditar no corpo” José Gil e Ana Godinho
Em contraste com os movimentos mecânicos mas caóticos e violentos das sociedades humanas, a dança sintoniza-nos com a nossa realidade biológica, complexa e poética. A dança aproxima-nos do natural, do animal e do espiritual. No movimento de um corpo que dança, extravasa-se a dor e sublima-se o prazer, e encontra-se um sentido mais profundo para ler a existência.
Mergulhando na ancestralidade e na força vibrante da terra e da gente de Guiné-Bissau explora-se o corpo enquanto veículo de afinação com o mistério de uma força ligada à natureza e a esse corpo maior que é o mundo. A floresta enquanto lugar poético de onde viemos e ao qual pertencemos.
Dando continuidade à estética desenvolvida por Pedro Ramos, em anteriores trabalhos, que explora o corpo como parte da floresta, a ecologia profunda e a alquimia em co-criação com a linguagem coreográfica de Ernesto Nambera, Coreógrafo do Ballet Nacional de Guiné Bissau e do Grupo de Dança Contemporânea de Guiné -Bissau, integrando numa estética contemporânea a enorme riqueza na expressão e saber ancestral, procura-se criar uma peça que questionando sobre as problemáticas ecológica, sociais e políticas do nosso tempo, procura no restabelecimento dos laços de confiança e de afinação com a natureza exterior e interior, um caminho de transformação e de ressignificação da nossa convivência comum.
Procura-se no saber do corpo, um ritual de encontro e autoconhecimento, onde a descoberta da individualidade e singularidade de cada um possa coabitar com a procura de uma identidade colectiva e irmandade com a vida-mais-que-humana. Entre a ancestralidade e a contemporaneidade, a experiência holística do corpo e as preocupações emergentes dos dias de hoje, procura-se a afinação com a nossa realidade biológica e espiritual alinhado com o sentimento de pertença e ligação à terra.
A partir de um conjunto de residências artísticas entre Guiné-Bissau e Portugal, na relação artística entre o coreógrafos Ernesto Nambera e Pedro Ramos, o intercâmbio entre bailarinos colaboradores da Ordem do Ó e grupo de dança contemporânea/ Ballet Nacional de Guiné-Bissau, pretende-se reflectir sobre algumas das problemáticas do estado do mundo a nível político, social e ambiental, mas também sobre o potencial da dança e do corpo para despertar reflexão e conhecimento, sobre outros possíveis sentidos e significados para a convivência com o outro e com o planeta.