9 a 15 nov 2023

residência de criação

Centro de Artes Performativas do Algarve CAPa

os protegidos

Teatro Mosca

Portugal

texto Elfriede Jelinek
tradução e dramaturgia Anabela Mendes
direção artística Pedro Alves
interpretação João Pedro Leal, Philippe Araújo, Rafael Barreto, Rita Morais e Sílvia Barbeiro
banda sonora original Maria da Rocha
cenografia Pedro Silva
figurinos Catarina Graça
direção de movimento Esther Latorre e Hugo Pereira
direção vocal João Henriques
direção técnica, desenho de luz e operação Carlos Arroja
apoio técnico Diogo Graça
direção de produção Inês Oliveira
assistência de encenação Maria Carneiro e Milene Fialho
fotografia e produção executiva Catarina Lobo
produção Teatromosca
coprodução  Theatro Circo, Colectivo Glovo, Teatro Nacional São João e Teatro Diogo Bernardes

O teatromosca é uma estrutura financiada pela República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes e pela Câmara Municipal de Sintra

“Os Protegidos”, texto inédito de Elfriede Jelinek, baseado num acontecimento real – a presença em território austríaco, no final de 2012, de cerca de 100 refugiados de várias nacionalidades e em busca de asilo -, trata do modo displicente, cobarde e inadmissível como o Estado austríaco entendeu tratar esta trágica ocorrência, e o imediato e simultâneo enfurecimento de grupos de extrema-direita a propósito da presença em Viena desse conjunto de estrangeiros. O texto tem vindo a ser revisto pela autora, procurando, de certo modo, expandir o assunto da peça em direção a outros tempos da História da Humanidade, criando novas possibilidades de articulação com a matéria atual. O carácter reflexivo de todo o conjunto parece sustentar a ideia de que a humanidade pouco ou nada muda e não aprende com os seus próprios erros. Essencialmente a autora produz exposição de processos corruptores de que se servem os poderosos a nível mundial, fazendo uso da sua influência junto de outros, e a fim de alcançarem benefícios que de outro modo não teriam.

O espetáculo parte deste texto da aclamada autora austríaca, com tradução assinada por Anabela Mendes, que assume, igualmente, o papel de dramaturgista neste projeto, com encenação de Pedro Alves e banda sonora original, interpretada ao vivo, pela violinista Maria da Rocha. O trabalho assentará tanto sobre a linguagem e a desconstrução das convenções do drama (a unidade de tempo, lugar, ação, a fábula, as personagens, o diálogo etc.), criando invés uma espécie de orquestração de vozes, privilegiando ritmos e jogos de sonoridade musical e em que a linguagem entra em cena como “superfície de texto”, seguindo algumas das noções do teatro pós-dramático de Lehmann, como refletirá sobre a heteroglossia proposta por Mikhail Bakhtin, a definição de chora para Julia Kristeva ou a teoria da presença defendida por Hans Ulrich Gumbrecht, expondo, de modo muito claro, um conjunto de questões políticas fraturantes que ensombra as sociedades contemporâneas.

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